segunda-feira, 26 de abril de 2010

Puca e Mili

Foto: Maite Jurado

Há exatamente 1 ano a Maite e seu noivo Eric encontraram um coelho com fratura exposta na patinha sob um viaduto em Alphaville e, após passar por outros colegas, foram encaminhados à Wildvet. Foi realizada uma cirugia para colocação de um pino e hoje ele está perfeito! À princípio, a Maite disse que queria doá-lo, mas logo de cara percebemos que eles ficariam com o pequeno... Ontem nosso afilhado completou um ano (com direito a bolo de cenoura!) e também fez aniversário a nossa amizade com esse casal tão especial...
Há pouco menos de um mês aparceu esta gatinha na casa deles, a Mili, e agora ela é a mais nova amiga do Puca... não são as coisinhas mais lindas???

quinta-feira, 22 de abril de 2010

Dia da Terra!



Earth Day!

Em um único dia, milhares de ligações. Todas sobre as mudanças climáticas. Para quem? Ninguém menos do que para os governadores de seus países, estados e cidades.

A idéia do Earth Day é que o mundo inteiro faça o mesmo no dia 22 de abril, ou seja, pegar o telefone e cobrar os governantes por uma moratória da queima de carvão, pelo uso de energias renováveis e por construções mais eficientes.

Diversos eventos voltados ao meio ambiente aconteceram nesse dia ao redor do mundo. Nova Iorque, Tokyo, Buenos Aires, Sydney e Barcelona são alguns dos exemplos de locais onde poderão ser vistos shows e outros eventos voltados ao Dia da Terra.

Por que no dia 22 de abril? Foi nesta data que o senador estadunidense Gaylord Nelson fundou, em 1970, a comemoração no país para que a discussão sobre o meio ambiente se tornasse algo nacional. Denis Hayes, então estudante da Harvard, foi chamado para organizar os eventos. Nesse ano, cerca de 20 milhões de pessoas participaram das atividades. Hoje, acredita-se que aproximadamente 500 milhões de cidadãos de todo o mundo fazem algo pelo meio ambiente nessa data.

A mesma organização que promove as celebrações desenvolveu também o Global Water Network, um site para conscientizar o público sobre os problemas com a água e para gerar fundos e patrocínios para projetos de tratamento desse recurso e de ampliação do saniamento básico. O dinheiro arrecado, então, é destinado para Ongs da América do Sul, África e Oriente Médio.

Não se esqueça: no dia 22 de abril, pegue o telefone, ligue para os seus representantes e cobre políticas que ajudem o meio ambiente.

domingo, 18 de abril de 2010

Como o ovo se forma dentro da ave?

Tudo começa pela gema, que nada mais é que um grande óvulo da ave.

O óvulo da galinha é o maior do reino animal, com cerca de 4 centímetros de diâmetro.

A gema é liberada do ovário e depois "viaja" por uma série de órgãos internos da ave até chegar ao oviducto (útero das aves), local onde o processo de formação do ovo termina com a solidificação da casca. O tempo total para que ele fique pronto é de aproximadamente 24 horas. Cerca de 30 minutos após botar o ovo, a ave ovula uma nova gema que dará origem a todo o processo novamente.

O curioso é que, quando a ave nasce, todos os óvulos que ela irá gerar ao longo da vida já estão armazenados no seu ovário, só que em tamanho microscópico. Apenas na idade adulta é que eles ficam prontos para ovulação.

A galinha, em um ano, pode clocar cerca de 265 ovos e pode manter essa produção durante os dois anos que tem de vida numa granja - se for um galinha criada na roça, a vida dela pode se prolongar por cerca de cinco ou seis anos. Porem, essas dúzias todas só se transformam em pintinho quando a penosa se acasala com um galo.

Os espermatozóides das aves podem ser bastante resistentes e sobrevivem até 15 dias dentro da fêmea. Nesse período, ela está fértil e os ovos serão sempre galados (podem originar filhotes). A gema de um ovo galado tem uma pequena mancha com um anel avermelhado, mas é difícil diferenciá-la a olho nu.

Etapa mais longa é a fabricação da casca, que acontece no útero e leva cerca de 20 horas

1 - A formação do ovo tem início no ovário da ave. É nesse órgão que se encontram os óvulos, que nada mais são que as gemas. Aqui, os óvulos amadurecem e incorporam grande quantidade de nutrientes, como sais minerais, proteínas e gorduras

Tempo da fase - 0 h

2 - Quando um óvulo (gema) é liberado, ele migra para uma estrutura do aparelho reprodutor chamada infundíbulo. Lá se forma a calaza, membrana espessa que protege a gema e que dará origem à clara. Também é no infundíbulo que os espermatozóides do macho fecundam o óvulo, caso a ave tenha acasalado

Tempo da fase - 0h15

3 - O ovo em formação segue então para o magno, uma espécie de canal. As espessas paredes do órgão liberam substâncias como proteínas, sódio, cálcio e magnésio, que completam a formação da clara, deixando-a bem espessa, diferente da que vemos num ovo cru

Tempo da fase - 3h15

4 - Ao deixar o magno, o ovo vai para o istmo, a última região do aparelho reprodutor antes do ovducto. É aí que a clara ganha água e fica fluida como a conhecemos. No istmo também se forma aquela película que envolve a parte interna da casca do ovo.

Tempo da fase - 4h30

5 - Dentro do oviducto, o ovo recebe uma massa viscosa, secretada pela mucosa do órgão. Tal massa é a base para a formação da casca e se solidifica após ser impregnada por cristais de carbono e cálcio. Essa é a etapa mais longa do processo, com o ovo ficando no útero por cerca de 20 horas

Tempo da fase - 24h30

6 - Quando o ovo está pronto, segue para a cloaca, câmara onde desembocam, além da oviducto, o intestino e o ureter (rins) do animal. Para impedir que o ovo entre em contato com resíduos de fezes e urina presentes na cloaca, a oviducto se projeta para fora no momento da postura.

Como os urubus conseguem comer carne podre?

Os cientistas ainda não desvendaram totalmente esse mistério, mas acreditam que os urubus se deliciam com comida estragada sem passar mal graças ao seu sistema imunológico e ao potente suco gástrico secretado por seu estômago. Mas isso não significa que eles prefiram carne podre à fresquinha. Acontece que os urubus não têm habilidade para caçar, pois as garras de suas patas são ineficientes para essa tarefa. Assim, só lhes resta a carcaça de animais mortos. Apesar de feioso e com má fama, o urubu tem papel essencial na natureza. Como é um animal necrófago, que se alimenta de carne em putrefação, faz uma espécie de “faxina” nos locais onde vive, pois elimina do meio ambiente a matéria orgânica em decomposição. Para encontrar a refeição, eles contam com olfato e visão apurados. São capazes de ver um bicho pequeno a 3 mil metros de altura! Mas os urubus não cantam de galo: eles não têm siringe, o órgão vocal das aves, e só fazem uns barulhos esquisitos chamados de crocitar.

BELEZA ROUBADA
Urubus são feios e sujos, mas cheios de truques para sobreviver ao cardápio nojento

À FLOR DA PELE
A cabeça e o pescoço pelados dos urubus ajudam na sobrevivência. Como eles se alimentam de carne podre, cheia de bactérias e outros microorganismos letais, se tivessem penas, essas regiões poderiam entrar em contato com a comida, transformando-se em pontos de contaminação.

CARONA VOADORA
Espertos, os urubus aproveitam as correntes de ar quente para planar por horas a fio sem fazer esforço. Eles fazem movimentos ascendentes em espiral em largos círculos e voam dezenas de quilômetros atrás de alimento. No solo, quando se sentem ameaçados, regurgitam para perder peso e alçar vôo com mais rapidez.

PASSO A PASSO
Os urubus têm um andar engraçado e desengonçado por causa de seus pés chatos. Eles não possuem habilidade para caminhar, como fazem outras aves, e dão pequenos pulinhos para se deslocar. Ao contrário de aves de rapina como as águias, eles não têm uma garra funcional, por isso não conseguem capturar presas.

OVOS NO PAREDÃO
A reprodução dos urubus acontece no início da primavera. Diferentemente da maioria das aves, eles não constroem ninhos em plantas. As fêmeas fazem a postura entre rochas escondidas, paredões rochosos e árvores ocas. Normalmente, colocam dois ou três ovos, sendo que o período de incubação varia de 49 a 56 dias conforme a espécie.

DUPLA PROTEÇÃO
O estômago dos urubus secreta um suco gástrico que neutraliza as bactérias e toxinas presentes na carne putrefata. Além disso, acredita-se que os anticorpos de seu sistema imunológico fazem com que ele seja imune a doenças que atingiriam os humanos se resolvêssemos adotar o menu indigesto.

LEI DO MAIS FORTE
Cinco espécies de urubus, como o urubu-da-mata, vivem no Brasil. Com o olfato mais apurado, o urubu-de-cabeça-vermelha e o urubu-de-cabeça-amarela encontram primeiro a comida e são seguidos pelos demais. Mas quem come primeiro é o urubu-rei, que é maior e tem o bico mais forte, ideal para rasgar a pele da carcaça. Enquanto ele se esbalda, os demais, como o urubu-de-cabeça-preta, se afastam da carniça. O urubu-rei tem esse nome por causa do bico forte e da exuberante coloração de sua cabeça.

REFRESCO NOJENTO
Como não tem glândulas sudoríparas para dissipar o calor, o urubu usa uma estratégia para evitar que a temperatura de seu corpo suba demais: defeca e faz xixi nas próprias pernas! O cheiro ruim também afasta eventuais predadores. Além disso, também ficam com o bico aberto para perder calor.

O que são aves de rapina?

Os mais conhecidos são as águias, os gaviões e os falcões, mas também fazem parte do grupo algumas espécies de corujas e abutres.

Assim são chamados todos os pássaros carnívoros e caçadores. Os mais conhecidos são as águias, os gaviões e os falcões, mas também fazem parte do grupo algumas espécies de corujas e abutres. Os rapinantes representam cerca de 10% das aves do planeta, concentrados em sua maioria na América Latina – só no Brasil existem 83 espécies (36% do total mundial). Predadores perfeitamente equipados para matar, esses animais têm visão aguçadíssima: enxergam, em média, duas vezes mais que o homem. Assim, são capazes de avistar sua presa a dezenas de metros de altura e mergulhar diretamente sobre ela. São também as aves mais velozes que existem, atingindo até 268 km/h no caso do falcão peregrino. E, como se não bastasse, ainda possuem duas armas letais: o bico afiado e as garras em forma de foice. Graças a esses atributos, elas quase sempre pegam sua vítima na primeira tentativa.

As presas favoritas variam de répteis, como cobras e sapos, a pequenos mamíferos, especialmente roedores, desde ratinhos a cotias.

Rainha do céu

A águia, símbolo de poder adotado pelas legiões romanas, pelo exército de Napoleão e pelos Estados Unidos, é o tema de um e-mail que tem circulado pela internet dizendo que, aos 40 anos de idade, essa ave troca o bico, as garras e as penas, mas tudo isso não passa de invenção.

Potência nacional

A ave de rapina mais forte do planeta é o brasileiro gavião-real, que não poupa nem animais maiores, como cachorros-do-mato, preguiças e até filhotes de veado. Há 50 anos, esse pássaro podia ser encontrado em quase todo o país, mas acabou quase extinto fora da Amazônia.

Estrela da MPB

O rapinante brasileiro mais famoso só pode ser o carcará, celebrado na canção de João do Vale com versos como “Os burrego novinho não pode andá/Ele puxa o umbigo inté matá/Carcará!/Pega, mata e come!” Se precisar, o bicho come até carniça e, assim, sobrevive em condições tão adversas quanto a seca no sertão.

Vôo assassino - Falcão mata sua presa em pleno ar

1 - Os falcões são os rapinantes mais velozes, atingindo em média 230 km/h

2 - Ao avistar seu prato predileto, o pombo, o falcão dispara em sua direção

3 - O choque contra a presa é suficiente para quebrar todos os seus ossos

4 - O pombo despenca no chão, quase sempre já morto. O falcão vai buscá-lo, para arrancar suas vísceras e com elas alimentar também os filhotes

Caçadora noturna - Corujas atacam na escuridão

1 - Além de enxergarem no escuro, as corujas são as aves com a audição mais aguçada. Na hora de caçar, ficam empoleiradas, à escuta de uma presa

2 - Ao perceber a presença de um rato, sua comida favorita, a coruja dá o bote certeiro. Suas asas são tão leves que não fazem barulho

3 - A menos de 1 metro da presa, a ave acelera o vôo (que pode chegar a 60 km/h) e ataca com as garras abertas

4 - A coruja não perde tempo: Com seu bico engole o jantar rapidamente.

CURIOSIDADES SOBRE OS RAPINANTES:

QUAL A MAIOR?

O condor: são 3 metros de uma ponta de asa à outra.

QUAL A MAIS RÁPIDA?

É o falcão peregrino, que atinge 268 km/h.

QUAL A MAIS FORTE?

É o brasileiríssimo gavião-real, que caça até filhotes de veado.

QUAL VOA MAIS ALTO?

O abutre-de-rüppel, que atinge 11 quilômetros de altura.

QUAL TEM A MELHOR VISÃO?

A águia-de-asa redonda, capaz de localizar um camundongo a 5 quilômetros de distância.

QUAL ESCUTA MELHOR?

São as corujas, que também enxergam no escuro e são equipadas com modo de vôo silencioso.

QUAL A MAIS FAMOSA?

A águia, símbolo do poder de Roma, Napoleão e dos EUA.

Como a coruja consegue virar a cabeça para trás?

O segredo está na coluna cervical do animal, que é formada por vértebras extremamente flexíveis, como mostra o infográfico abaixo. Entretanto, se você acha que só ela é capaz de realizar esse incrível contorcionismo, está enganado. Todas as aves têm essa habilidade. Mas, como os olhos da coruja são frontais, a rotação da cabeça dela fica mais evidente. Os cisnes, por exemplo, têm quase o dobro das tais vértebras cervicais flexíveis que fazem a cabeça da coruja girar. O movimento realizado pela coruja também chama mais atenção que o de outras aves por causa da percepção equivocada que temos da grossura de seu pescoço - por baixo da densa plumagem, o pescoço dela é fino e articulável. Movendo a cabeça para um lado e para o outro, as aves podem ter uma visão mais ampla de onde se encontram. No caso das corujas, essa agilidade serve para compensar o fato de os olhos delas - grandes, mas quase imóveis - oferecerem um campo visual muito limitado.

As aves fazem xixi?

Não, porque as aves não têm bexiga para armazenar a urina.

Não, porque as aves não têm bexiga para armazenar a urina. Depois que a ave bebe líquidos, estes vão para o intestino, onde são absorvidos, passam para o sangue e chegam aos rins para serem purificados. As impurezas que sobram principalmente uma substância conhecida como urato que se depositam com as fezes em uma parte do intestino chamada coprodeu. Por isso, se observa nas fezes da maioria das aves uma parte esbranquiçada, formada pelo urato.

Quais aves têm o maior e o menor ovo?

O maior é o da avestruz e o menor é de uma minúscula espécie de beija-flor. Não por coincidência, a avestruz (Struthio camelus) é a maior ave do mundo e mede até 2,7 metros de altura. Seu ovo tem cerca de 20 centímetros de comprimento e pesa em média 1,5 quilo, mas, segundo o livro dos recordes Guinness, o maior já encontrado tinha incríveis 2,48 quilos! Para ter uma idéia, um ovo de galinha pesa 55 gramas e mede 6 centímetros. No passado, outros bichos já colocaram ovos maiores, como a ave-elefante de Madagascar, extinta no século 16. Acredita-se que ela atingia 3 metros de altura e seus ovos chegavam a 12 quilos e 30 centímetros. Alguns dinossauros do grupo dos saurópodes também tinham ovos enormes, com cerca de 50 centímetros. O extremo oposto do ranking é ocupado pelo beija-flor. Algumas espécies dessa ave, como a verbena (Mellisuga minima), encontrada na Jamaica, Porto Rico e em outras nações caribenhas, põem ovinhos que medem menos do que 10 milímetros. Fora do mundo das aves, há ainda alguns insetos, répteis, peixes e pequenos vertebrados que chegam a colocar ovos quase microscópicos.

O peso de um ovo do beija-flor é inferior a 1 grama: o ovinho tem, em média, 0,365 grama

Apesar de ser grandalhona, a avestruz é a ave que põe o menor ovo em relação ao seu tamanho: o ovo tem apenas 1,5% do peso da fêmea

A casca do ovo de avestruz é extremamente resistente, graças à alta concentração de carbonato de cálcio, e agüenta o peso de um homem adulto sentado sobre ele

Qual é a maior ave de rapina do mundo?

Dois belos pássaros dividem o título: o condor-dos-andes (Vultur gryphus), também chamado de abutre-do-novo-mundo, e o condor-da-califórnia (Gymnogyps californianus). Ambos chegam a ter 1,3 metro de comprimento e, com as asas abertas, atingem 3 metros de envergadura. Indivíduos adultos dessas duas espécies podem pesar acima de 11 quilos. Como o próprio nome diz, o condor-dos-andes vive na cordilheira dos Andes, na América do Sul, habitando encostas de montanhas. Infelizmente, ele tem sido implacavelmente perseguido pelo homem. O condor-da-califórnia - encontrado no estado norte-americano de mesmo nome - também corre sérios riscos de extinção. Em meados dos anos 90, existiam pouco mais de 100 desses animais nos Estados Unidos e, para evitar que a espécie sumisse completamente do mapa, foi criado um programa de reprodução em cativeiro. É bom lembrar que o termo ave de rapina é usado para se referir aos pássaros predadores dotados de garras afiadas e bicos especiais para capturar alimentos. Além dos condores, águias, falcões, gaviões e corujas fazem parte desse grupo. No Brasil, a maior ave de rapina é o gavião-real, também conhecido como harpia (Harpia harpyja). Ele pode ser visto na Amazônia, em algumas regiões da mata atlântica e também no sul do país.

"Viu passarinho verde?

Cartas de namorados deram origem à frase

A expressão "viu passarinho verde" é empregada para aqueles que, sem motivo aparente, demonstram muita alegria. O verde é a cor da esperança e da paz. Mas o que o passarinho tem a ver com isso? De acordo com o folclorista Luís da Câmara Cascudo, no livro Locuções Tradicionais no Brasil, a tal ave era o periquito, muito usado para levar no bico mensagens trocadas por casais. Assim, avistar esse animal seria "identificar o alado pajem confidencial dos segredos". Há ainda uma lenda do século 19, segundo a qual as moças avisavam seus namorados do envio de cartas de amor colocando um periquito perto da grade da janela.

O Gandhi nuclear

Autor da Teoria de Gaia, James Lovelock era herói dos ecologistas. Agora ele causa polêmica ao defender que só usinas nucleares podem nos livrar de um desastre.
por Eduardo Szklarz - Revista Superinteressante
Edição 207 - dez/2004

Quem diria. A energia nuclear, alvo histórico dos protestos ambientalistas, pode ser a chave para nos salvar do aquecimento global. Mais surpreendente ainda: quem defende a idéia é o inglês James Lovelock, uma espécie de guru dos ecologistas. Aos 84 anos, o cientista afirma que precisamos interromper imediatamente a queima de combustíveis fósseis, que piora o efeito estufa. “A única forma de energia imediatamente acessível que não causa aumento de temperatura é a nuclear. Não temos tempo para experimentar”, diz. A idéia logo foi rechaçada por organizações ambientais como Greenpeace e Amigos da Terra. E fez o cientista ver renegado o apelido que ganhou da revista New Scientist: “Gandhi da ciência”.

Na teoria que o consagrou, Lovelock descreve a Terra como uma espécie de superorganismo formado pela superfície, ar e oceanos. O planeta funcionaria como um sistema vivo capaz de regular a composição atmosférica, o clima e a salinidade dos mares, o que o manteria sempre adequado para a vida. Fez um baita sucesso com os verdes. O problema é que agora o aquecimento global agiria como uma armadilha para Gaia: o calor proveniente do efeito estufa gera ainda mais calor, num círculo vicioso.

Químico com doutorado em medicina e biofísica, Lovelock foi um dos primeiros ambientalistas a falar do aquecimento global, num relatório elaborado em 1989 para o gabinete da primeira-ministra inglesa Margaret Thatcher. Best sellers como As Eras de Gaia o tornaram um dos cientistas mais influentes do século 20, com títulos de doutor honoris causa em diversas universidades ao redor do mundo. Lovelock concedeu esta entrevista de sua casa em Launceston, na Inglaterra.

Por que usar energia nuclear e não outras formas tidas como ecologicamente corretas, como a eólica e a solar?

Seria ótimo se pudéssemos contar somente com essas fontes de energia, mas elas não satisfazem nossas necessidades. Se houvesse 1 bilhão de pessoas no mundo, bastaria usar as energias solar, eólica, hidrelétrica e uma quantidade modesta vinda da queima de madeira. Mas já somos mais de 6 bilhões e a população continua aumentando. A energia nuclear é limpa e não provoca aquecimento. Uma estação pode ser construída em três anos. É também uma fonte de energia altamente disponível, não está acabando nem ficando mais cara, como o petróleo.

Um desastre como o de Chernobyl, na União Soviética, não seria suficiente para banir as usinas nucleares?

Há muita mentira em torno desse assunto. De acordo com informes da ONU, houve 45 mortos em conseqüência da explosão do reator em Chernobyl. Quase todos eram trabalhadores da usina, bombeiros e integrantes das equipes que sobrevoaram o fogo para apagá-lo. Os 45 morreram principalmente devido à radiação recebida pelo reator aberto e pelos escombros altamente radioativos que se espalharam ao redor dele. Aqueles que moravam perto da usina foram expostos à radiação, mas continuam vivos. É verdade que alguns podem morrer antes do esperado com cânceres provocados por radiação, mas lembre-se: em 1952, 5 mil pessoas morreram em Londres, num único dia, envenenadas por fumaça de carvão. Estima-se que centenas de milhares morreram desde então em decorrência de câncer do pulmão causado pela inalação de substâncias cancerígenas na fumaça. Mas a mídia não fala da queima de carvão como causa massiva de tumores.

Por que, então, há tanta oposição ao uso da energia nuclear?

As pessoas sempre têm medo de algo. Antes, eram fantasmas e vampiros. Hoje, energia nuclear. A oposição baseia-se numa ficção hollywoodiana, na mídia e em lobbies do movimento verde.

Você sempre foi considerado um guru dos ecologistas e agora não perde uma oportunidade para criticá-los. Qual é o motivo desse desentendimento?

Os verdes são importantes, mas estão errados. Eles se preocupam com as pessoas e esquecem da saúde da Terra. Não percebem que somos parte do planeta e dependemos dele. Eu mesmo sou um verde, mas tento mostrar que estão errados sobre energia nuclear.

Ao quebrar átomos, as usinas nucleares não alteram o equilíbrio de Gaia?

Ao contrário. Se você olhar para o Universo, verá que sua energia natural é nuclear. Toda estrela é uma estação nuclear, inclusive o Sol. O único método anômalo de obtenção de energia é a queima de combustíveis aqui na Terra. É muito mais natural usar energia nuclear do que queimar carvão e mandar gás carbônico para a atmosfera.

Você pede o fim da queima de óleo e carvão. Mas muitos países, como o Brasil, têm na água a maior fonte de energia. Como a troca que você propõe mudará um quadro com tantas variáveis?

Concordo que diferentes países terão soluções distintas para o problema. Mas, no momento, usar energia nuclear é a saída mais acessível e realista para o aquecimento global. Estados Unidos, China e Europa precisam cortar imediatamente 60% do combustível fóssil queimado para não termos conseqüências desastrosas. Segundo o Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas, a temperatura no planeta aumentará em média 3,5 graus até 2100. Para comparar, na última era do gelo, que terminou há 12 mil anos, a média de temperatura era 3,5 graus menor que em 1900. Ou seja: a mudança até 2100 será comparável àquela entre a era do gelo e 1900. A floresta amazônica não existia naquele tempo. E ela pode também não existir no fim deste século.

Basear a eletricidade em energia nuclear não provocará uma exploração desenfreada de urânio que ameaçaria a natureza de países como o Brasil?

Não, porque as quantidades são pequenas. Um quilo de urânio produz aproximadamente 10 milhões de vezes mais energia que a mesma quantidade de carvão ou petróleo. Na verdade, o Brasil poderia ter benefícios econômicos com a mudança, tornando-se um grande provedor mundial de urânio.

E o que faremos com o lixo atômico?

O volume de lixo atômico de alto nível produzido pelas usinas nucleares do Reino Unido, em seus 50 anos de atividade, equivale a 10 metros cúbicos. É tamanho de uma casa pequena. Se colocado numa caixa de concreto, esse lixo seria totalmente seguro e a perda de calor ainda poderia ser aproveitada para aquecer minha casa.

As usinas nucleares não podem se tornar alvo preferencial de terroristas?

Não creio. As estações nucleares estão localizadas em construções fortes. Parecem mais bunkers que edifícios normais. Tenho informações de que elas podem suportar o choque de um avião, por exemplo. O grande perigo em relação aos terroristas é que eles roubem plutônio ou urânio em quantidade suficiente para fazer uma bomba atômica rudimentar. Enormes estoques desses elementos foram armazenados na Europa, na ex-União Soviética e Estados Unidos durante a Guerra Fria.

Você acredita que as multinacionais do petróleo podem encampar sua proposta e produzir energia nuclear?

Certamente. Elas não se consideram companhias de petróleo, e sim energéticas. Não lhes importa de onde a energia vem, mas o lucro que conseguem nesse preocesso. Creio que elas poderiam, inclusive, investir na construção e operação de usinas nucleares.

sexta-feira, 16 de abril de 2010

Zé Carioca era paulista

por Flavia Ribeiro
Revista Aventuras na História
Edição 080, marco/2010

A incrível história do tocador de cavaquinho nascido em Jundiaí, no interior de São Paulo, que inspirou o mais brasileiro - e malandro - dos personagens de Walt Disney


Em 1942, ao ser apresentado a Walt Disney nos Estados Unidos, o músico José do Patrocínio Oliveira logo emendou uma conversa usando seu inglês carregado de sotaque. Ao ouvi-lo, o desenhista recomendou: “Não tente ser americano, já temos americanos suficientes aqui. Seja brasileiro”. Isso Oliveira sabia fazer muito bem. Inspirado nele, Disney criou seu único personagem brasileiro: o Zé Carioca (“Joe Carioca”, no original). Só que o homem por trás do papagaio era... paulista!

Nascido na cidade de Jundiaí em 1904, o violonista e cavaquinista Oliveira, chamado pelos amigos de Zezinho, tinha um bocado de trejeitos. “Ele era todo rapidinho, não parava de se mexer nem de falar”, conta o diretor de TV José Amâncio, que foi muito próximo do músico. “Não é que Zezinho tivesse um jeito parecido com o do personagem. Ele simplesmente era o Zé Carioca!” No Brasil, a estréia do papagaio verde e amarelo viria ainda em 1942, com Alô, Amigos, uma pioneira mistura de filme e desenho animado. Nele, Zé Carioca – dublado pelo próprio Zezinho – recebe o Pato Donald em terras brasileiras.

Além de ser sucesso de público, Alô, Amigos também agradou às autoridades americanas. Afinal, o filme dos Estúdios Disney se encaixava perfeitamente na Política da Boa Vizinhança, lançada na década de 30 pelo presidente americano Franklin Roosevelt com o objetivo de manter toda a América alinhada com os Estados Unidos – e afastada da influência de comunistas e fascistas. O responsável pela doutrina era o OCIAA (sigla em inglês para “Escritório do Coordenador de Assuntos Interamericanos”), que usava a cultura como um dos principais meios para manter a influência americana. O órgão encomendou a Disney – uma espécie de “embaixador não-oficial” da Política da Boa Vizinhança – personagens que conquistassem a simpatia da América Latina.

Para agradar os mexicanos, Disney criou o galo Panchito. Na hora de homenagear o Brasil, o desenhista decidiu usar um papagaio. Há diferentes versões de como isso ocorreu. A mais aceita é contada pelo escritor Ezequiel de Azevedo em O Tico-Tico: Cem Anos de Revista. Segundo ele, durante uma visita a nosso país em 1941, Disney ganhou do cartunista J. Carlos o desenho de um papagaio abraçando o Pato Donald. Pronto, estava escolhido o animal – faltava só dar personalidade a ele. Então, no ano seguinte, Disney foi apresentado a Zezinho. E seu papagaio ganhou chapéu de malandro, gravata borboleta, um guarda-chuva para usar como bengala e uma fala temperada por ginga e malandragem.

“Muita gente pensa que o Zezinho fez aquela voz do Zé Carioca especialmente para os desenhos. Não fez, era a voz dele mesmo”, diz José Bonifácio de Oliveira Sobrinho, o Boni, diretor da TV Vanguarda, que conheceu Zezinho por intermédio do pai, na infância. Em 1957, aos 22 anos, Boni reencontrou o músico e manteve com ele uma amizade que durou 30 anos – em que não faltavam “causos” sobre como era a vida de personagem de desenho animado. “Disney dizia que o Zezinho tinha até nariz de papagaio. E o levava para o estúdio, botava um chapéu nele, dava um guarda-chuva na mão dele e pedia para ele andar, sambar, rebolar... Os desenhistas ficavam assistindo para fazer o papagaio se mexer do mesmo jeito. E o Zezinho dizia: ‘Mas eu não sei rebolar, sou paulista!’”

Antes e acima de ser o Zé Carioca, Zezinho era um grande músico. Desde a década de 30, acompanhava as cantoras Aurora e Carmen Miranda, quando as duas cumpriam agenda pré-carnavalesca diariamente às 19h30, na Rádio Record do Rio de Janeiro. Em Carmen – Uma Biografia, o escritor Ruy Castro conta que Aurora e sua irmã mais famosa se encantaram por Zezinho, graças a sua personalidade peculiar. O músico, por exemplo, era ex-funcionário do Instituto Butantan de São Paulo, conhecido pelo estudo de animais peçonhentos. “Quando se empolgava, falava das cobras pelos nomes delas em latim”, escreve Ruy Castro. O amigo José Amâncio relembra que outra coisa não saía da cabeça de Zezinho: todos os pontos das linhas de trem de São Paulo. “Ele tinha mania de citar um por um, na ordem certa.”

A incrível memória de Zezinho permitiu que ele decorasse praticamente todas as músicas de Carnaval já feitas até então. “A gente dizia o ano, e ele então enumerava cada marchinha e samba. Se a gente pedia, ele cantava”, conta Boni. Além de violão e cavaquinho, Zezinho era um ás no bandolim e em mais de dez instrumentos. Foi para os Estados Unidos no fim dos anos 30, no rastro do sucesso de Carmen Miranda. Lá, gravou três discos com Aurora e, em 1942, passou a fazer parte do Bando da Lua, o conjunto de músicos que costumava acompanhar as duas irmãs.

Em 1942, Zezinho estreou no cinema tocando com o Bando da Lua no filme Minha Secretária Brasileira, estrelado por Carmen Miranda. Logo depois, em Alô, Amigos, ele fez mais do que dublar Zé Carioca: apareceu tocando “Na Baixa do Sapateiro” e “Os Quindins de Iaiá”, de Ary Barroso. Em 1944, ele voltou a dar voz a Zé Carioca e a atuar em mais uma combinação de filme e desenho animado produzida pelos Estúdios Disney: o clássico Você já Foi à Bahia?. Lá, ao lado de Aurora, ele tocou “Aquarela do Brasil”, também de Ary Barroso, e “Tico-Tico no Fubá”, de Zequinha de Abreu.

A música brasileira, que tinha conquistado os Estados Unidos com Carmen Miranda, ganhava ainda mais espaço com o empurrão dado por Disney no cinema. Após a estréia de Você já Foi à Bahia?, Zezinho tocou com Aurora no México. Segundo Ruy Castro, apesar da fama da cantora, o nome dela era o segundo nos cartazes dos shows. Vinha logo abaixo de “Joe Carioca” – Zezinho tinha assumido o nome do papagaio por causa de sua popularidade. O músico tocou samba até os 75 anos, em vários estados americanos. Apresentava-se quase todas as noites em hotéis de luxo, restaurantes, cassinos e na própria Disneylândia, na Califórnia. Sua primeira aparição por lá foi na inauguração do parque temático, em 1955 – entrou no palco anunciado pelo próprio Disney.

Assim como Zé Carioca em Alô, Amigos, Zezinho era um caloroso anfitrião: fazia questão de manter as portas de sua casa nos Estados Unidos sempre abertas, transformando-a numa espécie de embaixada informal do Brasil. Segundo Boni, o músico se tornou cicerone de diretores que, tempos depois, se destacariam na TV brasileira, como Daniel Filho e Augusto César Vanucci. “Os amigos queriam conhecer melhor Hollywood, ver como as coisas eram feitas lá. Eu combinava com Zezinho e ele nos levava para todos os estúdios. Todo mundo por lá o conhecia”, diz.

Certa vez, o amigo José Amâncio foi testemunha de como a fama do músico se perpetuou. No início dos anos 80, o diretor de TV visitava a Disneylândia pela primeira vez, acompanhado por Zezinho. Assim que chegou ao parque, espantou-se ao ver todos os funcionários cumprimentando o músico, acenando e dizendo: “Hey, Joe Carioca”. “Eu sabia que ele era o homem por trás do Zé Carioca, mas não imaginava que era reconhecido desse jeito. Descobri naquele dia como ele era querido”, diz. Zezinho já tinha quase 80 anos quando a cena aconteceu – e o filme de estréia do personagem já tinha mais de 40 anos.

Em 1987, depois de muita boemia, Zezinho morreu. E saiu de cena no melhor estilo Zé Carioca. “Na lápide dele está escrito: ‘Demais!’ Porque para ele tudo era ‘demais’”, diz o empresário José do Patrocínio Oliveira Júnior, o filho do papagaio. Ou melhor, do músico.

Conheça o Zézinho

Nome: José do Patrocínio Oliveira

Nascimento: 11/2/1904, em Jundiaí, São Paulo

Morte: 22/12/1987, em Los Angeles, Estados Unidos

Profissão: Músico (violinista e cavaquinista)

Filhos: Lourdes, Aparecida e José

Como o papagaio aprende a falar?

Ao contrário do que muita gente acredita, os papagaios não são as únicas aves capazes de imitar a voz humana, além de outros sons. Todos os pássaros podem fazer isso, porque possuem uma membrana chamada seringe, que fica entre os pulmões e a traquéia e permite a emissão de um número ilimitado de sons. O fator-chave é que papagaios, anuns e gralhas, para citar apenas algumas espécies, são também seres extremamente sociais, que vivem em bandos e costumam reunir-se de noite para, por meio do canto, trocar informações sobre alimentos, por exemplo. O canto também pode ser usado para alertar sobre a proximidade de um predador e iniciar uma fuga. "Quando, porém, essas aves são postas em cativeiro, sua comunicação é interrompida, o que as deixa profundamente frustradas", explica o ornitólogo francês Jacques Veillard, da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp).

A única compensação encontrada é imitar os sons domésticos mais comuns, como o ruído do telefone e as palavras mais usadas pelas pessoas da casa. Existem pássaros que fazem isso ainda melhor que o papagaio, como o mainá, da Índia.

Em vez de cordas vocais, os pássaros têm seringes - duas laringes que funcionam como caixas de ressonância. São elas que permitem a aves como o papagaio imitar a voz humana

Iguanas reconhecem humanos pela fisionomia

O biólogo Scott McRobert, da Universidade da Filadélfia, provou que as iguanas reconhecem os humanos pela fisionomia. Diversos estudantes e professores ficaram, um por vez, algum tempo perto do bicho. Um cientista, escondido, verificou, então, quantas vezes o lagarto balançava a cabeça, o que é um sinal de excitação. Quem recebeu mais acenos foi o próprio McRobert, que volta e meia pega o lagarto no colo. “Ele não gosta disso”, disse o biólogo à revista inglesa New Scientist. “Não foi por amor que me reconheceu.”

Igualdade entre espécies

Libertação animal
Peter Singer
Editora Lugano, Porto Alegre.
tel.: (51) 3311-2502. / 357 págs.

A polêmica levantada toda vez que uma personalidade resolve usar ou divulgar roupas feitas com peles de animais e a busca por alternativas ao uso de ratos, cães, porcos e outros bichos em experimentos feitos por universidades, laboratórios e indústrias refletem a crescente preocupação, dentro e fora da comunidade científica, em relação ao bem-estar dos animais. Um dos principais impulsos para essa conscientização foi a publicação do livro "Libertação Animal", do filósofo australiano Peter Singer, em 1975. Considerada a bíblia sobre o tema, a obra, que já foi traduzida para o chinês, coreano, japonês e para a maioria dos idiomas europeus, acaba de ser publicada no Brasil. Trata-se de uma edição revisada, de 1990, que inclui descrições das principais campanhas e conquistas do movimento de liberação animal até aquele ano.

Nela, Singer defende a igualdade entre "animais humanos e não-humanos", com base na capacidade que ambos têm de sofrer, e deixa claro que não se trata de um livro sobre animais de estimação e muito menos sobre afagar bichos fofos, como gatos e cachorros. "Esse livro é uma tentativa de refletir atenta, cuidadosa e consistentemente sobre a questão de como devemos tratar os animais não-humanos. A reflexão vai revelando os preconceitos ocultos por nossas atuais atitudes e comportamentos".

Singer batizou de "especismo" esse preconceito a favor dos interesses da própria espécie e contra os de outras. A definição é amplamente exemplificada nos capítulos sobre experiências com macacos, ratos, coelhos e cachorros em indústrias de cosméticos e medicamentos, pesquisas médicas e sobre criação de animais para abate.

"Se os experimentadores não estiverem preparados para usar um bebê humano, o fato de estarem prontos para usar animais não-humanos revela uma forma injustificável de discriminação com base na espécie "

Ainda que reforce que seu objetivo não é apelar para a emoção do leitor, a intenção transparece na escolha dos experimentos descritos no capítulo sobre animais de laboratório. A maioria na área de psicologia, envolvendo choques elétricos, privação de comida, sono entre outros maus-tratos, cujos resultados não oferecem grandes perspectivas na produção de conhecimentos vitais à humanidade, como submeter ratos a diferentes tipos de choque para comparar os níveis de medo gerados por cada um. Singer também descreve diversos tipos de envenenamento de animais, sobretudo coelhos, os mais utilizados para testar a toxicidade de produtos de higiene pessoal e cosmética, mas não se pronuncia sobre o fato de tratamentos para problemas como Alzheimer, câncer e ataques cardíacos serem geralmente testados em ratos e camundongos primeiro.

A apresentação das condições precárias de vida de animais criados para abate, como galinhas, porcos e bois, confinados em espaços minúsculos, com privação de comida e de higiene, preparam terreno para o capítulo seguinte, em que o objetivo é converter os leitores ao vegetarianismo, segundo o autor, a solução para o problema. Alguns dos argumentos utilizados em "Libertação Animal" podem ser vistos em filmes como "Babe, O Porquinho Atrapalhado" (1995) e "Fuga das Galinhas" (2000).

Como o ovo se forma no corpo das aves?

O ovo se forma num processo lento, que dura em média 25 horas e se divide em duas fases. A primeira, com duração de 4 horas, corresponde à formação de todos os componentes internos do ovo. A segunda fase leva até 21 horas e é quando ocorre a deposição de cálcio para a formação da casca.

O ovo inicia sua formação no ovário e se desenvolve à medida que caminha pelos compartimentos ovidutos, órgãos que formam o aparelho reprodutor das aves (infundíbulo, magno, istmo, útero e vagina). Nos ovários forma-se a gema, com a incorporação de sais minerais, proteínas e lipídios ao citoplasma do oócito (óvulo).

O infundíbulo, uma estrutura tubular de 4 a 10 centímetros, tem a função de captar o oócito, servir de sede para a fecundação, lubrificar a mucosa para a passagem do ovo e formar as proteínas que mantêm a gema no centro do ovo. O magno é o responsável pela formação da clara. No istmo forma-se a membrana da casca do ovo, constituída por uma proteína chamada ovo-queratina. No útero o ovo recebe uma grande quantidade de água e vitaminas, forma-se a casca e a coloração. O órgão também é responsável pela regulação do conteúdo salino e aquoso.

O ovo se forma na ave independentemente da fecundação, da mesma maneira que a mulher ovula todos os meses, mesmo sem ter relação sexual. As galinhas, por exemplo, botam ovos todos os dias. O ovo não fecundado é aquele que consumimos (nos fecundados, a gema serve para a alimentação do embrião).

Como os porcos-espinhos fazem sexo?

Ilustração Mauro  Nakata

"Apesar de seus espinhos curtos e pontiagudos serem capazes de ferir e afastar seus agressores, a região da genitália e a região da barriga dos porcos-espinhos são livres dessa proteção ou possuem pelos menos rígidos (os espinhos são pelos modificados)", diz Luiz Pires, diretor do Zoológico de Bauru, no interior de São Paulo. Então, quando os casais de porcos-espinhos sobem nas árvores para se reproduzir - sim, eles fazem isso pendurados em galhos - não há contato entre os espinhos. O mesmo princípio vale para quando a mamãe porco-espinho dá à luz: o porquinho nasce com pelos ainda macios, que não machucam.

Pensador critica nova "ecochatice"

A ecologia nasceu do nazismo? O encontro de Copenhague serve para algo? Os ambientalistas querem que a gente pare de comprar carros e iPods? Sabia que golfinhos já foram processados? Na entrevista a seguir, O filósofo Luc Ferry revela o que você nunca imaginou sobre o passado e o futuro do meio ambiente

por Rita Loiola - Revista Galileu (Ed. Globo) Edição 222 - Jan/2010

O filósofo francês Luc Ferry pratica a dolorida arte de cutucar certezas. Dê uma olhada, por exemplo, no que ele acha de alguns dos movimentos ambientais que brandem seus cartazes recicláveis por aí: “Os ecologistas radicais pensam que, para se chegar a uma solução, é preciso destruir o capitalismo e até a democracia. Mas a verdadeira ecologia é aquela que acredita na inovação, na razão e na ciência”.

O autor de A Nova Ordem Ecológica (Ed. Difel), que acaba de sair no Brasil, não espera grandes mudanças de encontros como o de Copenhague. Eventos desse tipo servem mais para resolver problemas políticos e econômicos do que fazer algo de bom para a saúde do planeta. Ferry entende que a saída para o aquecimento global está na tecnologia e nada mais.

Polêmico? O pensador, que ficou conhecido mundialmente por ter banido o véu das escolas francesas em 2004, enquanto foi ministro da educação, vai mais longe. Seu ganha-pão é mostrar o inusitado escondido nas coisas mais comuns. Um exemplo? Você sabia que o movimento ambiental pode ser visto como um sucessor direto do... nazismo? De Paris, Ferry, que é presidente do Conselho de Análises da Sociedade, ligado à Presidência da França, explicou essa história. E falou também sobre radicalismo ecológico, o julgamento de insetos e os direitos das árvores.

* Encontros como o de Copenhague servem para colocar em questão os movimentos ecológicos mundiais. Você acha que eles resolvem alguma coisa?

Ferry
: No fundo, o problema é que a ecologia tenta resolver um conflito econômico e político. O mundo vive a seguinte contradição: de um lado, temos que continuar crescendo para sair da crise econômica. Sem crescimento há falência, miséria e desemprego. Mas, por outro, se o Brasil, a Índia e a China crescerem tanto quanto os americanos, se vocês tiverem tantos carros, computadores ou televisões quanto eles, seriam necessários muitos planetas para tudo isso! Então, o que vários ecologistas defendem é o “decrescimento”. O problema é que eles são totalmente incapazes de assumir as consequências humanas, sociais e políticas de um processo como esse.

* Os ecologistas são contra o capitalismo?

Ferry
: A civilização ocidental moderna é baseada em uma cultura de consumo sem fim, ou seja, de um esgotamento das riquezas naturais. Aqueles que defendem o “decrescimento” são, desse ponto de vista, também anticapitalistas — e daí vem a forte ligação do altermundialismo (corrente política que usa o lema “um outro mundo é possível” e combate a globalização) e da ecologia. E há também uma forte crítica ao humanismo, à filosofia que está na base da modernidade.

* Como assim?

Ferry
: Com o nascimento dos direitos humanos, o Ocidente colocou o homem no centro do Universo. Alguns ecologistas querem tirar o homem do centro e colocar a natureza, defendendo, por exemplo, o direito dos animais ou das árvores. Essa ideia é, principalmente, uma arma de guerra, mas guarda uma certa verdade. Afinal, com o desmatamento, o Homo occidentalis se portou mal com a natureza e com os seus habitantes. E esse é o problema da ecologia: ela sempre tem um fundo de verdade. Se tudo estivesse errado, seria muito fácil... mas esse fundo de verdade é quase sempre transformado em arma de guerra contra a democracia moderna.

* Aliás, em seu livro, você fala sobre pessoas que, na Idade Média, não só quiseram colocar a natureza no centro de tudo como também defender carunchos, ratos e árvores em tribunais de verdade... Será que estamos dando um passo atrás, caminhando de novo para isso?

Ferry
: Os processos de animais na Idade Média europeia são completamente ignorados pelo grande público, mas bastante significativos — e divertidos. Entre os séculos 13 e 18, houve na Europa centenas de processos de porcos, ratos, pulgas... com tribunais, juízes e até advogados de verdade! Esses processos que hoje nos fariam gargalhar não eram absurdos. A ideia de base era o direito antigo, o direito romano, segundo o qual o juiz está lá, um pouco como o médico, para colocar em ordem o “cosmos”, a natureza, cada vez que ela fica bagunçada. Quando um porco comia a mão de um menino na rua (na época os porcos viviam pela rua, não nos currais), era o porco a vítima do processo, e não seu proprietário. Quando o porquinho era condenado à morte, quem o executava era um carrasco... de verdade! A ordem cósmica era restabelecida, eliminando-se o fator problema, humano ou animal. Então, de certa forma, sim, você tem razão, as discussões sobre os direitos animais ou das árvores são uma forma de retorno às visões antigas do mundo. O problema, a princípio, é que, hoje, quando alguém tem direitos, tem também deveres, algo que para os animais e as árvores é um tanto complicado...

* Em 1992, você previu que a discussão ecológica de hoje seria sobre o “grau de desprezo dos animais”. Haveria uma proporcionalidade entre o grau de humanidade de uma pessoa e seu respeito pelos animais. O que me coloca em uma situação bem complicada cada vez que eu quero que um porco morra para virar linguicinha, ou um ganso seja torturado para que eu coma um bom foie gras...

Ferry
: Essa é uma questão e tanto. Como sempre, há um lado de verdade na ecologia, e o sofrimento animal não é algo evidente. E nós sentimos isso, intuitivamente. Não temos nenhuma piedade pelas ostras ou pelos mariscos que comemos, não vemos problema nenhum com a morte deles. Mas, veja só, alguém que tortura um animal de estimação, como um cachorro ou um gato, nos horroriza. Não precisamos fazer uma declaração dos direitos animais, como na Europa, para achar o sofrimento animal algo realmente problemático e complicado. Como mostro no livro, a questão do limite é muito difícil de resolver... Isso posto, eu diria que, por trás do amor aos animais, se esconde também um ódio aos homens. Então é preciso desconfiar bastante desse amor.

* Ativistas-celebridades como Brigitte Bardot e Woody Harrelson odeiam mesmo os homens?

Ferry
: O ponto é que o interesse pela natureza, mesmo não envolvendo a pressuposição do ódio aos homens, pode não proibi-lo. Vamos confessar: Hitler aliou a mais ardorosa defesa dos animais com o ódio aos homens mais feroz que se conheceu na história. O fato de não nos servirmos dessa constatação em uma polêmica apressada contra todas as formas de ecologia não proíbe a reflexão sobre seu significado.

* Falando em nazistas, há mesmo uma relação entre a política da diversidade, o nazismo e a ecologia?

Ferry
: Historicamente, sim. Os nazistas foram os primeiros no mundo a colocar em prática, nos anos 30, uma grande legislação ecológica. E isso é uma herança direta do romantismo alemão. Hitler supervisionou pessoalmente a elaboração de três grandes leis: a lei de caça, a lei de proteção da natureza e a lei de proteção dos animais. O ideal que inspira os nazistas é duplo: primeiro há, como disse, a herança do movimento romântico, a ideia de que a natureza original, selvagem, não destruída pelos homens, deve ser defendida. Hitler mandou imprimir dezenas de milhares de cartões-postais com fotos dele na floresta alemã acariciando cervos. A busca da raça pura, do germânico puro, análogo à floresta virgem, também se inscreve nessa perspectiva. E existe também uma grande hostilidade à França, explícita no texto dessas leis ecológicas. O país é acusado de ridicularizar a diversidade, principalmente em sua relação com os povos colonizados, que podem ser “assimilados”. Para os nazistas as diferenças devem ser preservadas a todo custo e os povos primitivos devem ser mantidos em seu estado original. Eu cito textos nazistas incríveis sobre isso, que poderiam ser assinados tranquilamente por ecologistas e etnólogos contemporâneos!

Apesar de pouco (ou nada) conhecida, a primeira legislação do mundo que uniu proteção da natureza a um projeto político foi assinada por Hitler. Na década de 30, os nazistas foram os desbravadores das leis ecológicas. Inspirados pelo romantismo alemão, eles reuniram em um volume de 300 páginas todas as disposições jurídicas sobre o meio ambiente, encabeçadas por uma introdução com os motivos filosóficos e políticos. “É uma série de textos muito elaborados”, afirma Ferry. Hitler, que diziam ser vegetariano, chegou a discursar: “No novo Reich não haverá mais lugar para a crueldade com os animais”.

* Olha, mas cuidado, viu? Em seu livro, você escreve sobre um processo de membros do partido verde europeu contra o diretor da revista Actuel, que os tratou de “fascistas”. Os ecologistas poderiam processar você por fazer uma relação dessas...

Ferry
: E perderiam!

* Por que você diz que “partidos verdes são impossíveis”?

Ferry
: A ecologia política é cada vez mais forte em todo o mundo ocidental. No entanto, em lugar nenhum ela é o partido do governo. Por quê? Simplesmente porque a política compreende todos os setores da vida humana, e não apenas o meio ambiente. Quando alguém é presidente da república, precisa falar também de escolas, de exército, do conflito no Oriente Médio ou no Iraque e, aí, não se trata mais de ecologia. A ecologia é, sobretudo, um lobby, que pode ser muito poderoso, mas que precisa se aliar à direita ou à esquerda para atingir o poder.

* Você acredita que esse tipo de ecologia é um bom substituto para as utopias dos anos 60?

Ferry
: Sim, claro! Aliás, é daí que vem a famosa piada francesa: os ecologistas são como as melancias, verdes por fora e vermelhos por dentro! Na Europa, quase todos os eco-líderes são uns comunas antigos que precisaram abandonar o maoísmo ou o trotskismo, mas que substituíram essas correntes pela ecologia para continuar sua luta anticapitalista. Basicamente, é isso. Como diria um líder francês dos verdes, “cheguei ao verde pelo vermelho”!

* É possível cuidar da natureza sem ser extremista?

Ferry
: É possível! Óbvio que é. Somos todos ecologistas, e eu sou o primeiro deles! Ninguém quer um desenvolvimento “insustentável”, ou o esgotamento dos recursos naturais e a destruição do planeta. Os ecologistas radicais pensam que, para chegar a uma solução, é preciso destruir o capitalismo e talvez até a democracia, já que é necessário impor medidas de urgência à humanidade. E é aí que a divergência começa. Aos meus olhos, a verdadeira ecologia, é aquela que quer o crescimento sustentável e que acredita que a solução se encontra na inovação, na razão e na ciência, não no decrescimento e no ódio à democracia.

* A solução para a ecologia é a tecnologia?

Ferry
: Existe uma outra leva de ecologistas — da qual faço parte — que apostam na inovação, na ciência e no desenvolvimento sustentável. Por quê? Simplesmente porque não é possível regular o desenvolvimento de países como Índia ou China: nem o Lula nem o Sarkozy têm poder para impedir isso. Os indianos e os chineses fazem o que querem, e o que eles querem é crescer, certo? Então precisamos urgentemente inventar produtos “sustentáveis”, não-poluentes, como os carros elétricos, por exemplo. O caminho é esse...

Realmente uma entrevista para se pensar....